Vila Verde


População: 3813 habitantes (pelos Censos 2001)

Actividades económicas: Pequena indústria têxtil, transformação de madeira e comércio e serviços

Festas e Romarias: Santo António (13 de Junho), Santa Luzia (13 de Dezembro) e Santo Isidro (Setembro)

Orago: São Paio

Património cultural e edificado: Antigos Paços do Concelho, igreja matriz, Cruzeiro da Independência, Casa das Torres, Solar dos Abreus, Monumento aos Mortos da II Grande Guerra Mundial e Igreja Velha

Artesanato: Tecelagem de linho (lenços dos namorados) e latoaria

Colectividades: Bombeiros Voluntários, Banda Musical de Vila Verde, Vilaverdense F. C., Associação Etnográfica de Vila Verde, Clube de Caça e Pesca, Associação Guias de Portugal, Grupo de Cicloturismo, CERV e Grupo Folclórico de Vila Verde

Feiras: Quinzenal, aos sábados

A freguesia de Vila Verde, sede do concelho com o mesmo nome, situa-se na margem direita do rio Homem, a 11 quilómetros da capital do distrito de Braga, a que pertence. É atravessada pela Estrada Nacional 101 e confronta com as freguesias de Barbudo, Turiz, Loureira, Gême e Sabariz. As principais vias de acesso são as Estradas Nacionais 101, 201, 205 e 308.
Com uma área de 3,2 quilómetros quadrados, é uma Freguesia pequena, mas em franco desenvolvimento. Até há cerca de século e meio, pertencia ao extinto concelho de Vila Chã, tendo sido elevada à categoria de Vila e sede de concelho, por Decreto de 24 de Outubro de 1855.
A primeira notícia sobre Vila Verde data de meados do século X e constitui, talvez, a mais antiga documentação do topónimo “Vila Verde”, derivado de uma quinta agrária, constituindo um dos raros casos em que o topónimo surge, antes da Nacionalidade, tal como hoje o conhecemos.
No ano de 960, D. Flâmula (ou Chamôa), sobrinha da Condessa Mumadona, doou em testamento, ao mosteiro vimaranense, mandado construir por sua tia, imensos bens e terras de Vila Verde, cujos limites são mais ou menos assim descritos: desde o “porto de Catavo” (Cávado), pelas margens do “rivulo Homine (...) per illo fontano de Mandones infesto Villa Viride”.
Durante a sua fase de “villa” agrária, Vila Verde esteve na posse de particulares da nobreza, entre os quais avultam os condes de Portugal.
Nesta vila pré-nacional, a que se referem documentos da época, teriam coexistido duas paróquias, agregadas aos dois templos de Vila Verde, o de São Paio e o de Santa Eulália, que eram dois dos mais remotos e acarinhados cultos hispânicos.
No ano de 1145, é fixado São Paio como seu padroeiro, já que é dessa data o primeiro documento que refere “Ecclesia Sancti Pelagii de Villa Verde”.
Em 1220, São Paio de Vila Chã, ou seja Vila Verde, (não porque assim se chamasse a Freguesia, mas porque se referia a São Paio da Terra de Vila Chã (“Sancti Pelagii de Villa Plana”) era couto e tinha, por donatário, D. Gomes Viegas. Assim se explica a ausência de prédios da coroa (reguengos), no território.
Nas Inquirições de 1258, “Sancti Pelagii” de Vila Verde, é couto por padrões e não paga foro ao rei. No século XIII, a Freguesia encontra-se instituída em couto do mesmo D. Gomes Viegas, frade no mosteiro de Rendufe e nobre neto do Infanção Portugalês de Penegate, D. Egas Pais, “De Sancto Pelagio de Villa Plana este cautum de domno Gomecio Viegas”.
A Igreja de São Paio, de fundação anterior à Nacionalidade, era dos senhores do Couto de Vila Verde e Penegate, explicando assim, a ausência de direitos reais sobre ela, nas Inquirições de 1220 e 1258.
Nos séculos XIII e XIV, Rodrigo Anes de Vasconcelos é Senhor de São Paio de Vila Verde, terra que herdou de sua avó, D. Teresa Soares da Silva, irmã do Arcebispo de Braga, D. Estevão Soares da Silva, ambos bisnetos do dito Tenente, D. Egas Pais de Penegate.
D. Rodrigo de Vasconcelos casa-se com sua parente, D. Mécia Rodrigues de Penela, descendente da filha do Senhor de Penegate, cujos descendentes originaram os Condes de Penela.
Segundo Pinho Leal, nasceu na Casa e Torre de Alvim, de que foi herdeira, a Condessa de Ourém, D.ª Leonor de Alvim, esposa do Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira. Sua única filha e herdeira, D. Brites ou Beatriz, casou com D. Afonso, primeiro Duque de Bragança e filho bastardo de El-Rei D. João I, levando em dote a imensa fortuna de seus pais, incluindo a Casa de Alvim, que desta forma entrou para a Sereníssima Casa de Bragança.
D.ª Brites Lopes de Vasconcelos, (neta de D. Mem Rodrigues de Vasconcelos, filho de Rodrigo de Vasconcelos e chefe de armas da célebre Ala dos Namorados) herda São Paio de Vila Verde e os concelhos de Vila Chã e Larim, vendendo, no ano de 1441, todos os seus direitos administrativos a D. Afonso I de Bragança, casado com a sua parente, a dita filha do Condestável, D.ª Brites de Alvim Pereira, nesse mesmo ano.
De Mem Martins de Vasconcelos, alcaide de Guimarães no tempo de D. Dinis e Senhor do Couto de Penegate, assim como de todo o julgado de Vila Chã, no século XIV, descendia o conde de Figueiró, que apresentava a Igreja de São Paio, no início do século XVIII, rendendo ao abade dela, 150 mil réis. Nos meados do mesmo século, a apresentação já pertence aos condes de Vila Nova de Portimão, mais tarde, marqueses de Abrantes, rendendo então cerca de 300 mil réis.
O “Cadastro”, de 1527, referente a Entre Douro e Minho, menciona a freguesia de São Paio de Vila Verde, com 28 moradores, ao tratar o concelho de Vila Chã. O P.e Carvalho, em 1706, diz que esta paróquia tinha 68 fogos e nela se realizava feira, no dia 13 de cada mês. Nos Censos de 1900, Vila Verde registava 309 fogos e 1.310 habitantes. Nos Censos de 1991, estes números eram, respectivamente, 1.105 e 2.608, e, no final do ano de 2000, Vila Verde contava 1.782 fogos e 3.815 habitantes.
Existe, em Vila Verde um fontanário público (fontanário que figura no brasão da Freguesia) que, há muitos anos, quando Vila Verde ainda não dispunha de água ao domicílio, era o local onde os habitantes se abasteciam do precioso líquido, transportando-o em cântaros de barro, que serviam também para a sua conservação. Além disso, porque situado junto da Estrada Real, que era Caminho de Santiago, o dito fontanário era ponto de paragem obrigatório de quantos ali passavam e aproveitavam para matar a sede. Nesse tempo, o transporte de pessoas e mercadorias fazia-se em carros puxados por cavalos ou bois, pelo que aquele tinha acoplado uma espécie de tanque destinado às bestas, para onde era conduzida a água que escorria da torneira do mesmo fontanário.
A lenda relata que “as pessoas que para Vila Verde viessem trabalhar, gozar férias ou visitar amigos e parentes; se bebessem da sua água, não mais sairiam daqui! ”.
Embora não seja mais do que uma lenda, o facto é que inúmeras pessoas se têm fixado aqui. Ficam por certo rendidas às belezas da terra, e não à qualidade da sua água, mas esta é, indiscutivelmente, de muito boa qualidade.

Bibliografia

Dicionário Enciclopédico das Freguesias 1º Volume (Braga-Porto-Viana do Castelo) –MinhaTerra (Estudos Regionais de Produção e Consumo, Lda)